Na última semana participei do maior evento que o Rio de Janeiro (e o
Brasil) já viu: a Jornada Mundial da Juventude. Acho que não preciso dizer aqui
o que foi o evento em si, já que todo mundo pôde acompanhar pela TV e pela
internet. Eu quero agora fazer uma reflexão de tudo que me aconteceu nesses 5
dias tão importantes da minha vida, e quero escrever tudo antes que eu me
esqueça de algum detalhe.
Acho que o que mais me chamou a atenção nesses dias foi o cuidado e a
PROVIDÊNCIA
de Deus.
Terça, 23 de julho, viajamos de avião eu e um grupo de pessoas, que só
da minha caravana totalizava 60 peregrinos. Entre esses peregrinos, um grupo de
mais de 10 pessoas era de amigos próximos, e estávamos muito empolgados
planejando tudo que faríamos quando estivéssemos no Rio.
No aeroporto de Brasília, uma notícia que parecia estragar os planos: apenas
3 desses meus amigos (entre eles minha irmã) iriam ficar no mesmo hotel que eu.
Aceitamos aquilo que já parecia estar acertado com certa tristeza, mas ainda na
empolgação de chegar no Rio com aquele solzão e aproveitar a praia na quarta.
Para nossa surpresa, chegamos com tempo chuvoso e a missa de abertura foi
solitária, fria e distante para nós... em todos os sentidos! Nos perdemos dos
amigos e acabamos assistindo o que dava da missa com uma nova amiga que, apesar
de conhecer há muito tempo, não era muito próxima de mim e de minha irmã. O
lugar que estávamos era péssimo, não conseguíamos ver o telão, nem ouvir o que
era falado e a chuva não parava. Encontrei 2 amigos lá que não estavam na mesma
caravana que a gente, e apesar de tudo não reclamamos daquela situação. Essa
nossa nova amiga desde o começo se mostrou uma pessoa super animada e pra cima,
e no final da noite já estávamos morrendo de rir, felizes por estarmos lá.
Quarta, 24 de julho. Já acordei
pensando na praia que tínhamos combinado ainda em Goiânia, pensando em como
iria encontrar meus amigos do outro hotel e onde. Mas esses não eram os planos
de Deus pra nós: a chuva e o frio continuavam, e rapidamente todos desistiram
da praia naquele dia. No café da manhã conversamos melhor com os meninos que
tínhamos conhecido no dia anterior, porque tudo que eu sabia deles era o nome.
Gostei de cara, o pessoal era muito legal.
Depois do café a pergunta voltou: e agora, o que vamos fazer? Meus planos já
tinham literalmente ido por água abaixo, e eu estava totalmente disposta a
fazer o que eles quisessem. Então o Paulo sugeriu dar uma volta no centro da
cidade, e eu mais do que depressa concordei. Não sei por quê, mas eu sabia que
nele eu podia confiar. Fomos todos juntos: eu, o Paulo, a Fernanda, a Karlinha,
o Matheus, a Thaísa, a Lunara e o Lucas. Eu esperava uma voltinha sem graça,
voltar pro almoço e ligar pro pessoal do outro hotel pra ver o que faríamos,
mas novamente Deus sabia o que era melhor pra nós.
Andamos um pouquinho e vimos lugares lindos, onde tiramos fotos. Andamos
mais um pouco, e conseguimos pegar o começo de uma missa em latim em uma igreja
que parecia um sonho. O Paulo ia guiando a gente, como bom historiador que é,
explicando pq aquilo era tão lindo. Ao lado dessa igreja havia outra, um pouco
mais velha e um pouco mais escura, mas não menos incrível. As imagens pareciam
reais, o sofrimento de Jesus na Via Sacra podia ser visto, sentido. Eu não me
lembro de ter vontade de chorar ao ver uma imagem antes desse dia. Achei que o
passeio já tinha valido tudo o que podia a essa altura... o quê mais eu poderia
querer? Mas Deus não parou de nos surpreender. Saímos todos felizes e
empolgados da igreja. De repente olho do outro lado de uma rua bem movimentada
e vejo nada mais, nada menos do que OS ÍCONES DA JORNADA. A lindíssima Cruz
Peregrina e o Ícone de Nossa Senhora lá, na calçada, do lado de fora de uma
igreja. Eu não acreditei nos meus olhos, e logo disse: "Gente, aquela é a
cruz da jornada??" O Paulo quase foi atropelado por um ônibus de tanta
animação haha...
Corremos para o outro lado (quando era seguro!) tiramos fotos, fomos
abençoados pelo Bispo que estava lá na igreja pra celebrar a missa, e
obviamente tiramos foto com ele. Infelizmente a empolgação era tanta que
esquecemos de perguntar seu nome...
Depois disso pensamos que não tinha mais nada pra acontecer nesse dia,
porque nem precisava, mas... Resolvemos visitar a linda Candelária, igreja
enorme e famosa. Ao chegar lá, pegamos o meio da missa em inglês. Para concluir
as bênçãos do dia, lá pudemos nos confessar e saímos ainda mais leves e
felizes. Como explicar tanta bênção?
Providência divina.
Alguns de nós voltamos ao hotel para pegar os kits e o vale para almoçar,
pois já estávamos famintos a essa altura. (Um pequeno mal entendido aconteceu
por isso, mas tudo foi resolvido e aqui só quero relatar bênçãos rs.) Matheus,
Karla, Fernanda, Paulo e eu fomos então almoçar, e na esperança de encontrar um
Giraffas seguimos pro aeroporto. Para nossa surpresa, lá não tinha Giraffas, só
Bob's. Eu e o Paulo não queríamos sanduíche, então fomos comprar em outro
restaurante enquanto os outros três pediam no Bob's. Ah, se arrependimento
matasse! Pedimos um prato de alface, frango e pão (seco e duro, diga-se de
passagem) e pagamos 21 reais cada um. Ainda é engraçado lembrar a cara que
fizemos comendo aquela salada pra disfarçar a fome! Até o sanduíche, que eu não
gosto, me parecia muito gostoso perto daquilo que estávamos comendo. Voltamos
para o hotel e ficamos conversando no meu quarto. Tivemos um probleminha por
causa dos kits (aquele que mencionei lá em cima) e tudo foi resolvido.
Infelizmente também foi resolvido que o Matheus ia trocar de hotel, e ele foi
embora. Trouxeram para nós o André, que parecia ser meio fechado no começo, mas
depois descobri que era uma ótima pessoa. Nos arrumamos e fomos para o show do
Missionário Shalom e Rosa de Saron e encontramos lá o Matheus e o Pedro (que
estavam no outro hotel), mas no meio do primeiro show já estávamos mortos de
cansaço e fome, e decidimos ir comer. Novamente a palavra que penso é
providência.
Tudo que o Paulo e eu queríamos no almoço era um pouquinho de frango... e na
janta conseguimos muuuuuuuuito frango! A comida era uma delícia e deu pra todos
comerem bem. Além disso, o Pedro é uma festa, então quase engasgamos também de
tanto rir. Já estávamos satisfeitos e sobrou muito frango, então pudemos levar
embora. A noite foi finalizada com chave de ouro quando juntamos esse nosso
grupinho (que a essa altura já se tornou inseparável) e o André para rezar o
terço no hotel. Fomos todos dormir felizes, sabendo que aquele dia inteiro foi
providência e graça de Deus.
Quinta, 25 de julho. A tão esperada chegada do Papa.
Tomamos café juntos de novo, e percebemos que a
coisa ia ser agitada. Fomos de ônibus pra Copacabana, conhecemos muita gente
legal no ônibus e fora dele. Andamos um pouco à procura de um Giraffas e não
encontramos. O tempo tava passando rápido e todos os restaurantes estavam
lotados, então nosso quarteto fantástico (Karlinha, Fê, Paulo e eu) resolveu
comprar só bolacha e suco e ir esperar o Papa. Encontramos um lugar na grade às
14 hrs, perfeito e tranquilo. Mas o pessoal começou a chegar e o lugar começou
a ficar apertado. Para não nos perdermos uns dos outros, passamos praticamente
3 horas de mãos dadas esperando pelo Papa. Ninguém aguentava mais, o corpo já
tava doendo, eu estava literalmente apoiada no Paulo e não sei o que teria
acontecido se não fosse ele com toda aquela animação do meu lado. O Papa chegou
e passou por nós muito rápido, pois já estava atrasado. Esperamos o povo passar
e fomos pra praia assistir ao Papa de um telão. Troquei mensagem com o pessoal
do outro hotel e nos encontramos na calçada. Todo mundo já estava pronto para
sair dalí quando o Papa saiu, mas algumas meninas ficaram pra trás. Enquanto
esperávamos por elas, começou o show da banda Anjos de Resgate, e não quisemos
nem saber: corremos todos do quarteto fantástico de volta pra praia! Cantamos,
pulamos, dançamos loucamente... Tem alguma coisa melhor do que Anjos de
Resgate? Depois do show (que foi curto, mas perfeito), fomos para a praia
curtir o resto dos shows à distância. Não tem como escolher um dia ou momento
mais importante dessa jornada, mas esse é sem dúvidas meu favorito. Nunca
pensei que ficaria tão feliz molhando o tênis na água do mar! Hahaha... Boas,
ótimas memórias. Nesse momento, tive mais uma vez certeza de que nada do que
tinha acontecido era por acaso, e que a providência de Deus era quem
tinha escolhido quem estaria onde na divisão dos hotéis. A noite terminou para
nós com uma oração linda, cantada pelo Eugênio Jorge, e com a promessa de sol
para o dia seguinte, já que podíamos ver algumas estrelas no céu.
(não é querendo estragar o lindo clima que
terminou o texto, mas preciso deixar aqui essa observação: não conseguimos
comer mais nada nesse dia, e nem deu pra pedir pizza. O que fizemos? Juntamos
as bolachas que tínhamos (bom, o Paulo e a Karla tinham kkk) e fizemos um pequeno
piquenique... Nem quero ver mais bolachas na minha frente haha)
Sexta, 26 de
julho. Todos felizes e cansados depois da noite maravilhosa na
praia. Nos perguntávamos o que iríamos fazer, porque às 15 horas teria a Via
Sacra (que acabou sendo bem mais tarde). Como todo mundo estava muito cansado,
decidimos ficar no hotel, mas alguns dos colegas de hotel que saíram mais cedo
nos disseram que ali pertinho de nós o Papa iria fazer o Ângelus às 12 horas.
Apesar de o Paulo e a Karlinha estarem passando mal, conseguimos ir aguardar o
Papa em uma das grades. Ainda não era 11 horas, e eu percebi um movimento
estranho lá na frente: o Papa já estava vindo! Foi uma surpresa, porque não
sabíamos que ele ia passar ali tão cedo. Tiramos fotos enquanto ele passava, e
dessa vez ele olhou bem pra nós. Há poucos metros de distância de onde estávamos,
o papa-móvel parou e a cena ficou super conhecida no Brasil inteiro: um
garotinho de 9 anos ficou super emocionado ao ver o Papa, e eles ficaram ali se
olhando, conversando, por um bom tempo. Foi lindo e emocionante ver isso tão de
perto. Depois que o garotinho desceu, o papa-móvel seguiu para o seu destino e
nós fomos acompanhando. Quando chegamos ao local onde estava o menininho,
pudemos ver de perto sua emoção: ele tremia e chorava muito, e parecia ainda
não acreditar que de fato tinha abraçado e beijado o Papa. Participamos do
momento do Ângelus e voltamos para o hotel, com planos de, dessa vez, ir para a
praia e aproveitar um pouco antes da Via Sacra. Nessa hora, a Karlinha e o
Paulo perceberam que estavam curados depois de terem rezado com o Papa. Pegamos
nossas coisas, almoçamos em um restaurante maravilhoso (que parecia ser pra
compensar a falta de comida da quinta rs) e seguimos pra Copacabana, empolgados
com o solzinho que estava fazendo. Eu e a Fernanda fomos de vestido, e mais
tarde nos arrependemos amargamente hahaha...
Começaram os shows, encontramos um lugarzinho pra sentar na areia e
esperamos o Papa. Ele passou, foi até o palco e de lá assistiu à Via Sacra.
Acho melhor não fazer comentários sobre este evento pq... bom, o Paulo e
Karlinha me entendem, né? Hahahahahaha...
Como sempre foi bom estar com essas pessoas que eu amo tanto, mas nesse dia
eu tava mal quando fomos embora. O corpo já estava muito cansado, o frio tava
muito grande por causa da chuva e a fome também já estava grande. Procuramos um
Giraffas com o Alan e não encontramos, e então voltamos para o hotel. Felizmente,
nesse dia conseguimos pedir pizza e comemos muuuuito felizes e satisfeitos.
Sábado, 27 de
julho. O dia começou triste com uma despedida: o Paulo foi pra casa
da tia dele e não nos veríamos mais na jornada. Eu já tinha perdido toda a
esperança de um dia divertido e interessante, mas alguns amigos nossos do outro
hotel quiseram sair com a gente. Fomos todos almoçar no mesmo restaurante do
dia anterior, e isso foi muito bom. De lá, seguimos pra Copacabana e fizemos
compras no calçadão. Depois encontramos um lugar na areia e nos sentamos lá,
assistindo a alguns shows.
Um grupo de chilenos sentou do nosso lado, e pediu permissão pra nos
“cercar” junto com eles, tipo como uma demarcação de território. Nós deixamos,
afinal não tínhamos nada pra marcar nosso “território” e aquilo ali poderia
ajudar a gente também. Foi bom ficar ali, observando gente de tudo quanto é
lugar do mundo em torno de um mesmo propósito. Em alguns momentos eu me
distanciava das conversas do grupo e só prestava atenção no céu, no mar, na
perfeição daquele dia. Nesse dia não choveu. Novamente,
providência divina, já que foi Deus mesmo que não permitiu que
fôssemos pra Guaratiba. A noite foi chegando, os shows estavam animados e tudo
estava lindo, menos a fila do banheiro e a fila ainda maior pra voltar pra
praia. Até fiz um amigo em uma dessas filas, no meio da irritação e stress de
alguns :P
Já era noite, o céu estava lindo e estrelado, e as músicas eram lindas.
Deitei e fiquei olhando pro céu. Comecei a conversar com Jesus, dizendo que eu
precisava de um encontro mais pessoal com Ele, porque apesar de toda a
diversão, eu não estava rezando tanto quanto devia. Nesse mesmo momento, alguém
anunciou que era hora de se preparar pra receber Jesus no Santíssimo
Sacramento. Meu coração se encheu de alegria e eu pensei “é agora!”. Muitos já
estavam dormindo, outros conversando. Quem estava prestando atenção no telão e
no que era dito começou a se colocar de joelhos, e logo os que não estavam
prestando atenção perceberam que algo estava acontecendo.
Esse foi um dos momentos mais lindos da JMJ e eu arrepio só de lembrar: 3
milhões de pessoas em silêncio para adorar a Jesus. Eu coloquei minhas mãos na
areia, e podia sentir a força que emanava do Santíssimo. Nesse momento eu pude
ter aquele encontro pessoal que eu estava pedindo, e foi como reencontrar um
velho amigo. Não sei explicar, é claro, porque eu nunca sei explicar como é se
encontrar com Jesus, mas eu sei bem o que senti.
Depois disso fomos embora, já que não fomos preparados pra passar a noite na
vigília. Esse dia foi também a primeira vez que eu andei de metrô, e eu amei!
*-* chegamos ao hotel e fomos fazer nossas malas, pois sairíamos no domingo às
13:45.
Domingo, 28
de julho. O fim da JMJ. Assistimos um pedaço da missa com o Papa
pela TV, enquanto nos arrumávamos pra ir pro aeroporto. A missa foi linda. Quando
chegamos no aeroporto descobrimos que a próxima JMJ será na Polônia, em
Cracóvia. Já começamos a pensar em como ir pra lá! Hahaha.
A volta foi tranquila e ainda tivemos tempo de ir à missa.
Eu não consegui descrever nesse texto tudo que foi a JMJ, mas relatei alguns
fatos bem pessoais.
Nunca pensei que eu me divertiria tanto na adversidade :)
Nunca pensei que meus planos seriam tão contrariados e mesmo assim eu me
sentiria tão feliz.
Nunca pensei que conheceria as pessoas que conheci lá, e que essas pessoas
se tornariam especiais pra sempre, de uma maneira ou de outra.
Nunca pensei que conheceria gente daqui, de tão pertinho, que me faz tão bem
^^
Nunca pensei que fosse sentir tão forte o quanto Deus é
providente em nossa vida.